terça-feira, 6 de outubro de 2015

A necessidade da análise pessoal para o analista



Muitas pessoas se questionam se apenas o estudo formal é suficiente para preparar um profissional da saúde mental e se sentem incapazes de empreender esse ofício quando se deparam na clínica com sérias dificuldades e entraves. Alguns relatam que a análise com um determinado paciente está sempre "tudo bem", sempre transcorrendo sem maiores novidades. Outros profissionais percebem que a análise do paciente está repetitiva, sem render uma elaboração, considerando que o tempo do inconsciente é algo peculiar e relativo, mas não sabem como favorecer os processos do paciente. Outros acreditam que sua ajuda está de fato beneficiando o paciente, quando na verdade é o ego do analista que está se beneficiando da relação terapêutica, onde o mesmo se favorece do lugar que ocupa para usufruir de onipotência.
Freud nos adverte que só conseguiremos analisar nos outros até onde nós próprios nos analisamos. Isso quer dizer que se não tocarmos nos nossos pontos nevrálgicos, não fazendo terapia e não passando por uma análise, ao entrar em contato com esses assuntos o terapeuta não saberá como proceder para ajudar o paciente, pois foi incapaz de ajudar a si mesmo diante daqueles assuntos. É um dever ético fazer análise. É um benefício pessoal, mas uma etapa imprescindível quando nos propomos a tratar do outro.
Já a supervisão clínica é também uma etapa de extrema importância. Ao se reportar ao supervisor o profissional tem a oportunidade de ter uma escuta atenta aos procedimentos tomados com os pacientes e receber orientações preciosas sobre o que voltar a estudar, livros sobre os assuntos e uma ajuda primordial na direção do tratamento a ser escolhida. Segundo Antônio Quinet , a supervisão é uma superaudição do caso do analisando e do manejo do analista, sendo que o supervisor tem uma visão mais panorâmica de um determinado caso, bem como dos impasses do profissional na condução do tratamento. A supervisão pode esclarecer questões sobre as estruturas ou tipos clínicos do paciente, sendo também com quem se pode discutir as questões relativas ao sintoma, à fantasia, às passagens ao ato e aos acting-outs. A questão do amor de transferência, endereçado ao analista, e o seu manejo é também outro ponto de grande importância. Por fim a supervisão ainda favorece fornecendo o lugar onde o sujeito-analista se confronta com seu desejo de curar, de ser reconhecido, de responder as solicitações ou demandas dos pacientes.
Análise pessoal, estudos e supervisão. Esse é o caminho apontado por Freud e cuja validade podemos encontrar na clínica, seja dos nossos próprios conflitos, seja nos conflitos e problemas dos nossos pacientes. - (Sandra Rodrigues - PsicoAtendimento)
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