sexta-feira, 3 de junho de 2016

Questão não é mais se Dilma voltará ao governo, mas se – e quando – vai com Pimentel para a cadeia



Em 25 de fevereiro, no mesmo post em que comentei sobre o valor de 1,5 milhão de dólares do petrolão recebido pelo marqueteiro João Santana durante a campanha de reeleição de Dilma Rousseff, escrevi aqui:
"A reprovação das contas de campanha de Fernando Pimentel [PT-MG] pelo TSE por extrapolar em pelo menos 10 milhões de reais o valor previsto torna ainda mais ilegítima a reeleição de Dilma Rousseff, que explorou na campanha presidencial de 2014 o fracasso do senador Aécio Neves em emplacar o segundo sucessor tucano no governo de Minas Gerais.

Pimentel, cujo mandato de governador poderá ser cassado, venceu logo no primeiro turno Pimenta da Veiga por 52,98% a 41,89% dos votos, o que ainda deixou Aécio com muito menos palanque no estado para o segundo turno de sua campanha presidencial.

A vitória de Dilma sobre Aécio em Minas por 51,64% a 48,36% dos votos foi decisiva para a reeleição da petista na acirrada disputa nacional com o tucano.

Em suma: Dilma foi eleita, reeleita e mantida no poder à base de grandes, enormes e supremos golpes no país."

Agora, a delação premiada do empresário e operador do PT Benedito de Oliveira Neto, o Bené, no âmbito da Operação Acrônimo, reforça ainda mais a minha tese.

Como se sabe, ele contou à Polícia Federal que teve de providenciar uma quitinete em Brasília para guardar o dinheiro arrecadado para o caixa dois da campanha de Pimentel em 2014, chegando a armazenar R$ 12 milhões em espécie no imóvel.

O Instituto Vox Populi – o favorito de petistas e blogs sujos do PT na hora de citar (e, mesmo assim, distorcer) dados de pesquisas de opinião* – lavou dinheiro de propina para Fernando Pimentel, segundo o depoimento de Bené reproduzido pela Época:

"Cerca de R$ 750 mil foram pagos mediante a quitação de despesas da campanha eleitoral de Pimentel junto ao Instituto Vox Populi. E, para viabilizar esse pagamento ao Instituto Vox Populi, o colaborador conversou com HUMBERTO e com um diretor comercial do instituto, MARCIO HIRAN, para que eles ajustassem a emissão da nota fiscal e a efetivação do pagamento. Os serviços declarados na nota fiscal não foram efetivamente prestados ao grupo JHSF, mas sim à campanha eleitoral de 2014 de FERNANDO PIMENTEL."

O Radar de VEJA informa nesta sexta-feira: "Enquanto Fernando Pimentel tenta no STF impedir que o STJ aceite a denúncia que sobre ele pesa devido à operação Acrônimo, ministros do Superior Tribunal já discutem até mesmo a necessidade de se determinar o afastamento cautelar do governador do cargo".

É mesmo espantoso que Pimentel ainda não tenha se unido a Dilma no time dos afastados, que inclui também Eduardo Cunha. A conexão Dilma-Pimentel é caso de polícia.

Bené ainda afirmou que Giles Azevedo, um dos mais próximos assessores de Dilma, usou um contrato de R$ 44,7 milhões da Secretaria de Comunicação da Presidência com a agência Click para pagar dívidas da campanha de Dilma com a agência Pepper. É a primeira denúncia sobre desvio de dinheiro do Planalto para a campanha presidencial e a enésima amostra do quão patética é a ideia de que Dilma foi eleita democraticamente.

Para completar, e-mails em posse da Procuradoria-Geral da República, de acordo com informações de Merval Pereira, mostram que "a ministra" Dilma sabia do arranjo de propina para políticos do PT na compra de Pasadena (a popular #PassaDilma) antes da aprovação do negócio – como Nestor Cerveró disse supor – e também que o esquema na Petrobras pagou despesas pessoais como seu cabelereiro Celso Kamura e até um teleprompter especial (adaptado à gramática da mulher sapiens).

Isto sem falar, claro, nas denúncias de Delcídio do Amaral confirmadas por Marcelo Odebrecht de que ela atuou para atrapalhar a Lava Jato no STJ e na gravação de sua conversa com Lula sobre o termo de posse para evitar a prisão do antecessor.

A questão não é mais se Dilma voltará ao governo, mas se – e quando – vai com Pimentel para a cadeia.

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-veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/cultura/questao-nao-e-mais-se-dilma-voltara-ao-governo-mas-se-e-quando-vai-com-pimentel-para-a-cadeia/ - 03/06/2016

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